Aos que chegam pela primeira vez…

A Fundação Allan Kardec é uma instituição espírita.

O orador e médium espírita José Raul Teixeira costuma dizer que a nossa situação, a da humanidade, é a de quem sente saudades de Jesus… A instituição espírita, assim, é um local ao qual vamos no intuito de matar essa saudade de Jesus.

Mas antes de falar sobre o centro espírita, precisamos deixar claro a que Jesus nos referimos, ou melhor, qual a nossa visão do Cristo. Diversamente da maioria das demais correntes religiosas cristãs, o Espiritismo não enxerga Jesus como Deus.

Para nós, Jesus é um Espírito puro, alguém que já trilhou o percurso da evolução humana e atingiu um patamar de colaboração plena com Deus. Diversamente das ideias de uma vida póstuma ociosa, a vida espiritual é repleta de trabalho e devotamento ao próximo, exatamente para reforçar a ideia de solidariedade, a de pertencermos a uma mesma família.

(Cabe aqui um parênteses. Nós estamos também nesse percurso evolutivo. E temos a convicção de que, sendo espíritos, temos inúmeras experiências dentro e fora da carne. É a noção de reencarnação, as múltiplas existências da criatura nas quais ela vai progredindo aos poucos, crescendo em sabedoria e moralidade)

Assim, os irmãos mais adiantados incumbem-se de auxiliar os que estão caminhando mais atrás. Essa é a posição de Jesus, a de alguém que se comprometeu com o Pai com um grupo de espíritos imperfeitos – a humanidade terrena.

Jesus é dessa forma o governador espiritual da Terra, o pastor dessas ovelhas. Tanto nos ama que demonstrou na Terra um modo de vida condizente com a de um Espírito em evolução. Ele vivenciou um roteiro, um caminho, um trilho a fim de nos inspirar.

Por isso, quando se fala do Evangelho não estamos nos referindo apenas aos textos que narram a trajetória de Jesus, mas sim a esse modelo virtuoso de conduta. Sempre encontraremos no exemplo de Jesus um estímulo e uma resposta para nossas inquietudes.

Mas obviamente Jesus segue trabalhando incessantemente pelo progresso do planeta. Meu Pai trabalha e eu trabalho também, afirmou.

Voltemos à casa espírita. Como criar condições para que esta seja um espaço em que estejamos próximos de Jesus? Como matar saudades de Jesus no ambiente terreno?

Temos de levar em consideração, inicialmente, que nem todos estão na mesma situação. Todos precisamos despertar para a necessidade de esforço próprio para construção do reino de Deus em nós, mas nem todos estamos em condições de lidar com essa necessidade ainda.

Daí pensarmos em públicos distintos participando da instituição espírita; para cada um desses públicos, o centro espírita assumirá uma feição também distinta.

Para muitos, o centro espírita será um hospital, um local para cuidar de pessoas que o buscam para aliviar suas dificuldades. São criaturas passando por algum tipo de crise ou desafio pessoal, e chegam à casa espírita para serem assistidas e assim vencerem essas dificuldades.

Para outros, a instituição espírita será uma escola, um espaço ao qual vão as pessoas interessadas em conhecer os princípios da doutrina espírita, e assim eles se associam aos diversos cursos oferecidos pela instituição. O principal é o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), o qual segue as apostilas preparadas pela Federação Espírita Brasileira.

Por fim, outro grupo encontrará na casa espírita uma oficina, na qual os indivíduos que, tendo feito do Espiritismo sua única convicção religiosa, assumem uma tarefa no bem, como dirigente de estudos, aplicador de passe, dialogador, etc, etc, etc.

Um aspecto muito importante é que, independente da feição assumida pelo centro espírita para  indivíduo, este sempre será um assistido. Mesmo os que assumem posições de grande responsabilidade jamais perdem a condição de necessitados do amor e da orientação de Jesus.

Hospital, Escola e Oficina são assim facetas múltiplas e coincidentes da mesma dinâmica. Muitas vezes precisamos do hospital, outras da escola, e ainda da oficina; o que não perdemos jamais é a condição de tutelados de Jesus e de seu amor.

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