Palestra O Imperador Romano Décio e as perseguições aos cristãos – 7/8

decio

A Fundação Allan Kardec convida para a palestra O Imperador Romano Décio e as perseguições aos cristãos, que será realizada no próximo dia 7/8 (domingo), às 19h, no Teatro FAK. O palestrante é o historiador Moisés Antiqueira.

Quem foi Décio
Décio (Gaius Messius Quintus Trajanus Decius) foi imperador romano entre 249 e 251. Surgiu no cenário histórico quando Filipe, um prefeito pretoriano tido como árabe que havia se apropriado do trono, o nomeou comandante das tropas encarregadas de combater invasões dos godos. Seus êxitos o animaram a assumir o trono, depondo seu protetor Filipe. Morreu em batalha contra os godos em 251.

Relação com a perseguição aos cristãos
Desde a campanha inicial de Nero, em 63-64, que culminou com o martírio de Paulo e Pedro, os cristãos sempre foram alvos de perseguições, até Diocleciano, em 283-285. Porém, mesmo que muitos imperadores os tenham colocado na ilegalidade e conduzido campanhas cruéis, a principal fonte das iniciativas em persegui-los era a população e não o governo central. Os gritos de “cristãos aos leões”, nos excitamentos populares, eram prontamente atendidos pelas autoridades para redirecionar a fúria do povo. No terceiro século, as iniciativas contra os cristãos mudaram da rua para os gabinetes oficiais. Primeiro Maximino (Gaius Iulius Verus Maximinus, também conhecido como Maximino Trácio ou Maximino I, foi imperador romano entre 235-238) começou a deportar bispos. Então, veio Décio e instituiu a primeira perseguição em todo o império. Logo depois; Valeriano (Publius Licinius Valerianus, 253-260) que transformou em política global e sistemática, nela engajando todas as instâncias do poder imperial.

Depois dessas três intensas, amplas e sanguinárias campanhas os cristãos viveram uma fase de tolerância com a assunção de Galieno (Publius Licinius Egnatius Gallienus) ao trono imperial. Este, chegou mesmo a dar-lhes proteção e uma quase legalidade, especialmente no período em que governou o império sozinho (260-268), posto que, na período inicial (253-260) governou com seu pai, Valeriano, inconteste perseguidor dos cristãos. Depois ocorreram outras perseguições, mas a igreja já se encontrava mais fortalecida e resiliente.

Relevância histórica das perseguições de Décio
Primeiro, porque se insere nesse período em que a perseguição aos cristãos estatui-se e consolidou-se como política geral para todo o império. Segundo, porque ocorre em fase de mudanças muito rápidas no comando do império – período conhecido como anarquia militar – criando-se assim um ambiente hostil e descontrolado de perseguição furiosa e sem tréguas, como se engendradas por forças direcionadas à extinção do cristianismo. E terceiro, porque Valeriano (pai de Galieno, o benfeitor dos cristãos), foi nomeado por Décio para dirigir a administração civil, em seu nome, o que o faria uma espécie de imperador substituto, já em 251 e, ademais, há evidências de que teriam relações familiares, circunstância que coloca Galieno em conexão direta com ele, suas ideias e políticas em relação aos cristãos.

Quem é Moisés Antiqueira
Doutor e Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Adjunto em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Pesquisador de História Intelectual e Historiografia, Gêneros de Prosa Greco-latina, História Antiga nos períodos tardo-republicano e imperial romano e a crise do mundo romano no século III d.C. Membro da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH) e da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC). Editor-chefe da Revista Tempos Históricos.

Moisés tem como objeto de estudo específico o Imperador Galieno, sobre o qual já produziu vários trabalhos e, pelos quais, tornou-se um respeitado amigo da Fundação Allan Kardec, instituição que estuda e edita obras relacionadas com esse digno protagonista da historia romana.

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